O Cerco do Galeão
Nasceram para ser pesqueiros. Devem provavelmente o seu nome à arte de pesca utilizada, em especial para o cerco da sardinha – o cerco do galeão.
Segundo A.A. Baldaque da Silva:
“(. . .) O systema de pesca por meio da rede de galeão foi importado da Galiza para Isla Cristina, povoação hespanhola fronteira a Villa Real de Santo António, e depois adoptado pelos pescadores d´esta villa e de outros portos do continente do reino, não se tendo no entanto generalisado muito entre nós, por ser muito despendioso.
(…) usa-se em toda a costa do Algarve e na costa occi- Evolução dos galeões dental do cabo de S. Vicente ao da Roca, destinando-se à pesca da sardinha. Para o norte d’este ultimo cabo, até ao Minho, não se emprega este systema de pesca em nenhum ponto da costa do reino.
(…) lança-se de dia e nas noites escuras com agua parada, ou mesmo havendo corrente, costumando as embarcações sair para o mar das três ou seis horas da manhã, ficando algumas vezes fora, quando o tempo é bom para a pesca de noite, especialmente nos escuros da lua, sendo então que fazem maiores lanços de sardinha.”
O Estado Actual das Pescas em Portugal, 1891
Remos e Vela
O Galeão, um veleiro robusto, de formas finas e alongadas, movido, na falta de vento e na acção de cerco, por 34 remadores (sete remos em cada um dos bordos), armava uma grande vela triangular latina.
A Companha
Na actividade piscatória fazia-se acompanhar por outras embarcações auxiliares como buques, barcas e enviadas.
A bordo, uma companha de mais de quarenta homens com tarefas bem especializadas e definidas.
Embarcações e Artes de Pesca – Lisboa 1981 – publicação da Lisnave
Nasceram para ser pesqueiros. Devem provavelmente o seu nome à arte de pesca utilizada, em especial para o cerco da sardinha – o cerco do galeão.
Segundo A.A. Baldaque da Silva:
“(. . .) O systema de pesca por meio da rede de galeão foi importado da Galiza para Isla Cristina, povoação hespanhola fronteira a Villa Real de Santo António, e depois adoptado pelos pescadores d´esta villa e de outros portos do continente do reino, não se tendo no entanto generalisado muito entre nós, por ser muito despendioso.
(…) usa-se em toda a costa do Algarve e na costa occi- Evolução dos galeões dental do cabo de S. Vicente ao da Roca, destinando-se à pesca da sardinha. Para o norte d’este ultimo cabo, até ao Minho, não se emprega este systema de pesca em nenhum ponto da costa do reino.
(…) lança-se de dia e nas noites escuras com agua parada, ou mesmo havendo corrente, costumando as embarcações sair para o mar das três ou seis horas da manhã, ficando algumas vezes fora, quando o tempo é bom para a pesca de noite, especialmente nos escuros da lua, sendo então que fazem maiores lanços de sardinha.”
O Estado Actual das Pescas em Portugal, 1891
Remos e Vela
O Galeão, um veleiro robusto, de formas finas e alongadas, movido, na falta de vento e na acção de cerco, por 34 remadores (sete remos em cada um dos bordos), armava uma grande vela triangular latina.
A Companha
Na actividade piscatória fazia-se acompanhar por outras embarcações auxiliares como buques, barcas e enviadas.
A bordo, uma companha de mais de quarenta homens com tarefas bem especializadas e definidas.
Embarcações e Artes de Pesca – Lisboa 1981 – publicação da Lisnave
De acordo com os esclarecimentos de D. Manuel de Castello Branco:
- “Um mestre de pesca (mestre do mar da empresa armadora, responsável pelo andamento das suas actividades piscatórias);
Um mestre de leme (encarregado do governo do galeão, quando da navegação e aquando do lançamento da rede ao mar);
Um pedreiro (prático da costa encarregado de elucidar o mestre de pesca quanto à natureza do fundo: se é limpo e permite livre prática da faina da pesca ou se tem pegadilhos ou ratos de pedra que possam danificar as redes, a ponto de ser desaconselhável o seu lançamento);
Um proeiro (encarregado das luzes de bordo e do serviço de vigia, pronto a dar conta de qualquer perigo que se lhe depare pela proa e pronto a assinalar a presença de cardumes); Dois encarregados das abertas, responsáveis pelo acondicionamento da rede, para que a faina da pesca decorra nas devidas condições e na melhor ordem sem quaisquer embaraços;
Trinta e quatro homens para accionar os remos, para alar a rede, para copejar o peixe e para, sob a direcção dos encarregados das abertas, “rodar a faena”;
Quatro moços (aprendizes encarregados de serviços auxiliares, compatíveis com a suas idades)”.
Embarcações e Artes de Pesca – Lisboa 1981 – publicação da Lisnave
Um Lance de Pesca
“A faina do lançamento começa pela sondagem da profundidade e natureza do fundo, e em seguida deita-se a rede por bombordo, principiando por uma das pontas, a qual fica atracada e segura a um dos buques, que larga ferro no ponto onde o lançamento começou, sendo a rede a partir d´este ponto atirada ao mar de modo que não tome volta nem se enrasque, descrevendo o circuito que o galeão vae percorrendo a remos, convenientemente dirigido pelo arraes até chegar ao ponto de partida, e ficando portanto, depois d´esta manobra, a rede mergulhada verticalmente dentro de agua, desde a superfície até ao fundo, contornando e limitando o espaço onde estava o cardume.
Realizado isto, vão três buques tomar posição junto da copejada, aguentando-a um a meio e um em cada extremo, e o galeão passa o retador ao buque que primeiramente havia fundeado. O retador é uma espia que segura o galeão durante a faina que se vae seguir, á medida que elle se desloca atravessado á corrente.
Tomadas esta precauções começam de bordo do galeão a metter as duas pontas das bandas dentro, e vão solecando a espia pouco a pouco, não só para aguentarem a embarcação, como também para mais facilmente irem mettendo as bandas dentro, caindo para o lado dos três buques que amparam a copejada.
A fim de evitarem, quanto possível, a saída do peixe pelo vão que se forma entre as bandas por baixo do galeão, empregam duas varas grossas, tendo cada uma um fio grosso no extremo com pequenas bandeirolas brancas ao longo e um prumo na parte inferior, que mergulham verticalmente na agua, dando-lhes movimentos de vae-vem para afugentar o peixe d´este lado.
Assim que têem conseguido embarcar as bandas e tomar acopejada, onde está accumulado todo o peixe, formam as barcas cerco em volta d´ella, e aliviando-a á borda tiram a sardinha de dentro com as redes de enchelevar, ou mesmo com canastras, e distribuem-na pelas embarcações destinadas ao seu transporte para o porto; quando o peso do peixe não é demasiado, mettem também a copejada dentro do galeão, e daqui é que dividem a pescaria.
” Estado Actual das Pescas em Portugal - A.A. Baldaque da Silva, 1891
2 comentários:
Ao navegar neste blog vejo que gostas mesmo muito de velejar!
Es um verdadeiro SKIPPER!
Do teu filho, Joao Duros
Parece que foi combinado..
Um abraço
Marco
Enviar um comentário